quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Surdez, linguagem e inclusão escolar

Surdez, linguagem e inclusão escolar
A linguagem é responsável pela regulação da atividade psíquica humana,
pois é ela que permeia a estruturação dos processos cognitivos. Assim,
é assumida como constitutiva do sujeito, pois possibilita interações
fundamentais para a construção do conhecimento (Vigotski, 2001). A linguagem
é adquirida na vida social e é com ela que o sujeito se constitui
como tal, com suas características humanas, diferenciando-se dos demais
animais. É no contato com a linguagem, integrando uma sociedade que
faz uso dela, que o sujeito a adquire. Já para as pessoas surdas, esse contato
revela-se prejudicado, pois a língua oral é percebida por meio do canal auditivo,
alterado nestas pessoas.
Assim, os sujeitos surdos pela defasagem auditiva enfrentam dificuldades
para entrar em contato com a língua do grupo social no qual
estão inseridos (Góes, 1996). Desse modo, no caso de crianças surdas, o
atraso de linguagem pode trazer conseqüências emocionais, sociais e
cognitivas, mesmo que realizem aprendizado tardio de uma língua.
Devido às dificuldades acarretadas pelas questões de linguagem, observa-
se que as crianças surdas encontram-se defasadas no que diz respeito
à escolarização, sem o adequado desenvolvimento e com um conhecimento
aquém do esperado para sua idade. Disso advém a necessidade de elaboração
de propostas educacionais que atendam às necessidades dos sujeitos
surdos, favorecendo o desenvolvimento efetivo de suas capacidades.
Partindo do conhecimento sobre as línguas de sinais, amplamente
utilizadas pelas comunidades surdas, surge a proposta de educação bilíngüe
que toma a língua de sinais como própria dos surdos, sendo esta, portanto,
a que deve ser adquirida primeiramente. É a partir desta língua que
o sujeito surdo deverá entrar em contato com a língua majoritária de seu
grupo social, que será, para ele, sua segunda língua. Assim, do mesmo
modo que ocorre quando as crianças ouvintes aprendem a falar, a criança
surda exposta à língua de sinais irá adquiri-la e poderá desenvolver-se, no
que diz respeito aos aspectos cognitivos e lingüísticos, de acordo com sua
capacidade. A proposta de educação bilíngüe, ou bilingüismo, como é
comumente chamada, tem como objetivo educacional tornar presentes
duas línguas no contexto escolar, no qual estão inseridos alunos surdos.

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