quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Surdez e aprendizagem da língua escrita

                                      Surdez e aprendizagem da língua escrita
Os surdos, assim como grande parte de nossa população ouvinte, não tiveram oportunidade de interagir
significativamente com materiais escritos. As oportunidades educacionais têm sido escassas e insuficientes.
Acrescenta-se o fato de que foram objeto de um severo isolamento lingüístico, que durou mais de cem anos,
período em que lhes foi negado o direito ao uso da língua de sinais.
As diferenças, quantitativas e qualitativas, entre as oportunidades de que dispõe uma criança ouvinte para
aprender a ler e as que se ofereciam a uma criança surda são dolorosamente discrepantes. Uma criança ouvinte, que está iniciando sua aprendizagem da leitura e da escrita, possui uma linguagem normalmente desenvolvida, se comunica sem restrições com o seu meio e tem um vocabulário de vários milhares de palavras. Estas palavras e idéias que evocam, reencontradas no texto escrito, são plenas de significado, porque a criança tem o conceito de referência. Com isto pode conversar sobre o escrito com outros leitores. O mesmo não acontece com a criança surda. Esta, via de regra, não dispõe da linguagem oral suficiente para a interação com o material escrito.
No nosso modo de ver, só há uma maneira de aprender a ler e escrever: dar significado ao texto escrito, sem a mediação da língua oral. Para a criança surda, devem-se dar as mesmas oportunidades que têm os ouvintes para aprender a ler. Melhor dizendo, devem-se dar condições ótimas que merecem todas as crianças. É imprescindível, antes de qualquer coisa, normalizar o desenvolvimento de linguagem da criança surda, através da aquisição da língua de sinais. É imperiosa a tarefa de criar um ambiente de leitura para a criança surda, no qual a língua escrita seja usada de maneira pertinente e significativa. É importantíssimo que permita à criança surda colocar em jogo suas competências lingüísticas por meio da língua de sinais, para que quando leia um texto, pense em sua língua de sinais e fale nesta língua sobre o escrito, com seus pares e com adultos leitores. Nestas condições, acreditamos que os surdos podem aprender a ler e escrever, que o surdo pode vir a ser um  leitor eficiente, que poderá ter um desempenho igual ao dos ouvintes. Entretanto, é preciso criar condições favoráveis para o aprendizado.
Nesse sentido, a criação de materiais didático-pedagógicos, entre os quais, brinquedos, que utilizem a língua de  sinais, pode ser um elemento chave para a significação da língua escrita por surdos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário